Pesquisadores do Francis Crick Institute e do King’s College London revelaram as complexas interações entre o câncer e as células imunológicas que cercam um tumor, com o potencial de informar como os pacientes responderão à imunoterapia.

No estudo, publicado na revista Genome Medicine, os pesquisadores analisaram milhares de amostras em 32 tipos de câncer para examinar a maneira como a doença interage dinamicamente com o microambiente imunológico do tumor (TIME), permitindo que a enfermidade floresça.

O câncer evolui dentro do TIME, esculpido pelas células cancerígenas e, por sua vez, esculpe o genoma do câncer.

Essas interações dinâmicas têm impacto significativo sobre como o câncer se desenvolve e responde a tratamentos, como a imunoterapia.

Obter maior compreensão da interação câncer-sistema imunológico é, portanto, crucial para entender a biologia do câncer.

Etapas da pesquisa

– Os pesquisadores se concentraram em classe de genes chamados de condutores de câncer, porque, quando alterados, eles ajudam a conduzir a doença;
– Eles identificaram 477 desses condutores que interagem com vários recursos do TIME, sugerindo que eles impulsionam a formação do câncer interrompendo os processos biológicos dentro da célula, bem como interferindo no sistema imunológico;
– O estudo também delineou a maneira como duas classes distintas de condutores de câncer, supressores de tumor e oncogenes, operam dentro do TIME;
– Os supressores tumorais são genes que, quando inativados, auxiliam no desenvolvimento do câncer, enquanto os oncogenes precisam ser ativados para promover o câncer.

Descobertas
O estudo revelou que as alterações nos supressores de tumor são prevalentes em tumores com alta infiltração imune (quando as células imunes entram no tumor), provavelmente ajudando o tumor a escapar do sistema imunológico.

Os oncogenes são predominantes em tumores com baixa infiltração imune, sugerindo um efeito oposto no TIME.

Como os tumores com altos níveis de infiltração imunológica respondem bem à imunoterapia, esta pesquisa mostra que a carga de fatores alterados do câncer pode ser usada como biomarcador preditivo da resposta à imunoterapia.

“Nosso estudo revela como as alterações genéticas impulsionam a evolução do câncer, interferindo não apenas nos processos dentro das células cancerígenas, mas, também, no sistema imunológico. Podemos explorar esse conhecimento para prever quem responderá à imunoterapia contra o câncer e interferir diretamente com esses genes para aumentar a resposta imune.”

Francesca Ciccarelli, professora, principal líder do grupo do Laboratório de Biologia de Sistemas de Câncer no Crick e autora sênior do estudo
Os pesquisadores também reconstruíram toda a cascata de eventos que ligam as alterações genéticas de fatores específicos do câncer às modificações do TIME a jusante.

Eles se concentraram no câncer de cabeça e pescoço, tipo de tumor que não responde bem à imunoterapia. Desenvolveram abordagem computacional baseada na biologia de sistemas, que lhes permitiu explicar os mecanismos pelos quais os condutores genéticos do câncer de cabeça e pescoço modificam o sistema imunológico.

“Nossa análise descobriu ligações entre as causas do câncer e as alterações imunológicas nos cânceres de cabeça e pescoço. O mecanismo que impulsiona a alta infiltração imunológica em subconjunto de cânceres de cabeça e pescoço pode ser direcionado para o tratamento de imunoterapia.”

Hrvoje Misetic, cientista visitante do Crick e primeiro autor do estudo

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Fonte: olhardigital.com.br

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