Muitos de nós precisam enfrentar barreiras difíceis pra se chegar onde quer chegar. Não foi diferente com Antônia: a juíza na Bahia teve que enfrentar muito preconceito pra chegar no cargo que ocupa há 18 anos.

Nascida em Serra Azul de Minas, no estado de Minas Gerais, Antonia sempre foi uma aluna nota 10. A sua dedicação ela atribui à educação dada por sua mãe.

“Ela dizia que quem tem a cama feita pode ser mais ou menos, quem não tem precisa ser muito bom. Foi minha primeira lição sobre a desigualdade brasileira”, afirma.

Quando se formou no ensino médio, Antônia foi atrás de emprego. Aos 17 anos resolveu fazer uma prova para uma vaga de um banco privado. Mesmo acreditando ter ido bem no teste, ela não foi chamada. O problema, descobriu mais tarde, foi que a prova se quer foi corrigida. O motivo? Disseram que ela tinha “cara de pobre”.

“De onde eu venho, levo uma lição de disciplina, coragem, determinação, de não desistir. É ilusão achar que todos estão no mesmo patamar de concorrência aos postos de poder. Meritocracia é uma ilusão em diferentes níveis do discurso.” declarou.

No entanto, embora isso tenha ficado marcado na sua memória, Antonia não desistiu de lutar pelo que queria. Trabalhou como doméstica por 5 anos, morando na casa de parentes. No entanto, depois de um tempo, nem um teto para morar ela tinha mais.

“Num determinado dia, ao terminar meu serviço de faxina, fui convidada a me retirar da casa onde estava. Fiquei sem ter onde dormir e fui para um ponto de ônibus aguardar o horário de voltar para o trabalho e assim fui ficando”, relembra.

Aos 22 anos, então, Antonia decidiu que queria tentar concursos públicos para ser oficial de justiça, pois só exigiam o ensino médio.

“Fui até um cursinho e lá descobri que custava muito além do que eu poderia pagar com meu salário de doméstica. Então, passei a recolher as cópias manchadas ou inutilizadas que outros alunos jogavam no lixo”, conta.

Com o pouco salário que tinha, Antonia juntava dinheiro, estudava com as apostilas que eram jogadas fora por outras pessoas, e mais tarde pôde ainda cursar uma faculdade de direito.

Depois de muitos anos de estudo e muitos concursos públicos, ela conseguiu se tornar juíza criminal, cargo que ocupa há 18 anos, com muito orgulho. 

Texto originalmente publicado em refletirpararefletir e adaptado pela equipe do blog Cantinho.

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