Calda Bordalesa: o que é, para que serve e como utilizar?

A calda bordalesa é um fungicida permitido na Agricultura Orgânica por ser o sulfato de cobre um produto pouco tóxico, e por melhorar o equilíbrio nutricional das plantas.

A calda bordalesa é um fungicida que surgiu no século passado, na região de Bourdeaux, na França, para o controle de míldio em videiras. Ela resulta da mistura de sulfato de cobre com cal virgem, diluídos em água. O seu uso é permitido na Agricultura Orgânica por ser o sulfato de cobre um produto pouco tóxico, e por melhorar o equilíbrio nutricional das plantas. A preparação mais comum da calda bordalesa se dá na proporção de 1 parte de cal virgem e 1 parte de sulfato de cobre para 100 partes de água.

Segundo Luiz Geraldo Santos, professor do Curso CPT Cultivo Orgânico de Hortaliças em Estufa, “A quantidade de cada ingrediente vai depender do volume final de calda pretendido. Como exemplo, vamos propor as quantidades para encher um pulverizador costal de 20 litros. Para utilizar em culturas sob estufa, reduzir a 30% as doses dos ingredientes”.

Produção da calda bordalesa – Ingredientes/Quantidade

  • Sulfato de cobre – 200 g
  • Cal virgem – 200 g
  • Água – 20 L

I- O sulfato de cobre

O sulfato de cobre se dissolve lentamente na água. Por isso deve-se colocar 200 g do produto em um saquinho de pano ralo, em um balde com 5 litros de água. O saquinho deve ficar suspenso, próximo à superfície da água, para facilitar a dissolução. Para dissolver mais rapidamente o sulfato de cobre, pode-se utilizar água morna ou colocá-lo na água na noite anterior.

II- A cal

A cal virgem deve ser de boa qualidade para reagir totalmente com a água. Os 200 gramas de cal são colocados no fundo de um balde com pouca água para haver reação rápida. Se não houver aquecimento da mistura em menos de 30 minutos, a cal não deve ser usada, pois é de má qualidade. Quanto mais rápida é a reação, melhor é a cal. Depois de a cal ter reagido com a água, formando uma pasta rala, deve-se completar o volume de água até 5 litros, cuja mistura terá uma aparência de leite de cal, bem homogênea.

III- A mistura

A mistura das duas soluções deverá ser feita despejando-se a mistura com sulfato de cobre sobre a de cal, nunca o contrário. A mistura deverá ter um aspecto denso, onde a cal não se decanta. Após mexer algumas vezes, coar a mistura e despejar no pulverizador, completando o volume até 20 litros.

Cuidado com a calda ácida

Para evitar queima das folhas das plantas, caso a calda esteja ácida, deve-se fazer um teste com um canivete ou faca de ferro, pingando sobre a lâmina uma gota da calda. Se, após três minutos, no local da gota se formar uma mancha avermelhada, é sinal de que a calda está ácida. Deve-se então adicionar mais leite de cal, até que a mistura fique neutra.

O sulfato de cobre é um composto mineral que combina enxofre com cobre. Pode matar bactérias, algas, raízes, plantas, caracóis e fungos. A toxicidade do sulfato de cobre depende da quantidade de cobre. O cobre é um mineral essencial. Pode ser encontrada no meio ambiente, alguns alimentos e água. O sulfato de cobre agrícola é registrado nos Estados Unidos desde 1956 para uso em produtos pesticidas.

Quais produtos agrícolas contêm sulfato de cobre?

Os produtos que contêm sulfato de cobre podem ser classificados como líquidos, poeira ou cristais. Existem dezenas de produtos ativos contendo sulfato de cobre nos Estados Unidos. Alguns deles são aprovados para uso na agricultura orgânica.

Qual é o efeito do sulfato de cobre agrícola?

O cobre no sulfato de cobre liga-se às proteínas de fungos e algas. Isso danifica as células, fazendo com que vazem nutrientes essenciais e, eventualmente, morram. Nos caracóis, o cobre perturba o funcionamento normal das células da pele e das enzimas e as mata ou remove.

As instruções de segurança devem ser seguidas ao trabalhar com sulfato agrícola de cobre

Se estiver usando sulfato de cobre e ele puder entrar em contato com a pele e as mãos de qualquer forma, é possível respirar e inalar ou engolir e beber. Você pode até ter essa substância em suas mãos, mas sem lavar as mãos e o rosto, fume, beba ou coma qualquer coisa que o sulfato de cobre entre em seu corpo. Portanto, seguindo estritamente todas as instruções de rotulagem do produto, você pode reduzir o contato desnecessário com esta substância.

Quais são os sintomas de envenenamento por sulfato de cobre agrícola?

O sulfato de cobre pode causar irritação severa nos olhos. Comer grandes quantidades desta substância pode causar náuseas, vômitos e danos aos tecidos do corpo, células sanguíneas, fígado e rins. Choque e morte podem ocorrer quando exposto a grandes quantidades dele.

O sulfato de cobre afeta os animais de maneira semelhante. Os sintomas de envenenamento em animais incluem perda de apetite, vômitos, desidratação, choque e morte. A diarreia e o vômito podem variar de verde a azul em animais.

O que acontece quando o sulfato de cobre entra no corpo?

O cobre é um elemento essencial e necessário para apoiar a saúde do corpo. O corpo humano regula seu ambiente interno para manter o equilíbrio do cobre. Se algum cobre entrar no corpo por via oral ou por inalação, ele é absorvido. Em seguida, ele entra na corrente sanguínea rapidamente. Quando o cobre flui pelo corpo, ele se liga a proteínas e entra em vários órgãos.

O cobre em excesso é excretado e freqüentemente não é armazenado no corpo. Pode se acumular no fígado, mas também é encontrado nas secreções gástricas, ósseas, cerebrais, capilares, cardíacas, intestinais, renais, musculares, unhas, pele e baço. O cobre é excretado principalmente nas fezes. Pequenas quantidades também são perdidas no cabelo e nas unhas. Em um estudo, os pesquisadores descobriram que metade da alta dose de cobre pode permanecer no corpo por 13 a 33 dias.

As crianças são mais sensíveis ao sulfato de cobre do que os adultos?

As crianças podem ser mais sensíveis aos pesticidas do que os adultos. No entanto, atualmente não há dados que sugiram que as crianças são particularmente sensíveis ao sulfato de cobre.

Qual é o destino do sulfato de cobre no meio ambiente?

O cobre está naturalmente presente no meio ambiente, portanto, se parte dele entrar no meio ambiente, é absorvido pelo solo. O sulfato de cobre é altamente solúvel em água e pode se ligar a sedimentos, sendo absorvido e regulado pelas plantas por ser um mineral essencial. No entanto, quantidades excessivas de cobre podem ser tóxicas para as plantas porque inibem a fotossíntese nelas.

Recomendações do uso da calda bordalesa em estufas –

  • Tomate: a calda pode ser aplicada, quando a plantinha estiver com 4 folhas. Controla a requeima, a pinta-preta e a septoriose.
  • Batatinha: aplicar a partir de 20 dias após a germinação. Controla a requeima e a pinta-preta.
  • Cebola: contra a mancha púrpura e outras manchas das folhas, diluir 3 partes da calda em 1 parte de água.
  • Alho: usar a mesma recomendação para a cebola. Contra a ferrugem, usar calda sulfocálcica.
  • Beterraba: para mancha da folha (Cercospora beticola), usar 3 partes de calda para 1 de água.
  • Alface e chicória: para míldio e podridão de esclerotínia, usar 1 parte de calda para 1 parte de água.
  • Couve e repolho: para míldio e alternaria em sementeira, diluir 1 parte de calda para 1 parte de água.
  • Abobrinha e pepino: para míldio e outras manchas foliares, diluir 1 parte de calda em 1 parte de água.

As doenças de hortaliças geralmente ocorrem em condições de alta umidade do ar. Portanto, quando as condições do ambiente forem favoráveis às doenças, fazer aplicações semanais. Caso contrário, pulverizar quinzenalmente ou mensalmente.

Recomendações de uso em pomar

  • Caqui: para cercosporiose e mycosphaerela, usar 1,5kg de cal virgem para 0,3 kg de sulfato de cobre e 100 litros de água.
  • Figo: para ferrugem, fazer tratamento de inverno com calda sulfocálcica. Durante a vegetação da brotação, até a maturação, deve-se pulverizar a calda bordalesa (1:1:100) periodicamente, a cada 10 a 15 dias.
  • Cítricos (laranja, limão, mexerica entre outros): para verrugose e melanose da laranja doce, após uma safra em que a incidência da doença foi grande, fazer 2 pulverizações – a primeira antes da florada, a segunda quando 2/3 das pétalas tiverem caído. Quando a incidência é baixa, pulverizar uma vez após a florada. Nessas pulverizações deve-se adicionar óleo mineral , porque o cobre matará os fungos que atacam as cochonilhas, podendo haver o aumento destas.
  • Goiaba: para ferrugem, pulverizar periodicamente de setembro a dezembro, quando as condições de clima são mais favoráveis: alta umidade do ar e temperaturas amenas.
  • Rosáceas (Abricó, ameixeira, amendoeira, cerejeira, macieira, marmeleiro, nectarina, nespereira e pessegueiro): entomosporiose – pulverizar com caldabordalesa ou calda sulfocálcica após a poda, até o início da formação dos frutos.
  • Mangueira: antracnose – pulverizar a primeira vez em fins de junho, antes do florescimento, em cobertura total, devendo molhar a copa uniformemente. A segunda pulverização deve ser feita durante o florescimento. A partir daí, fazer outras pulverizações entre 15 a 20 dias, de acordo com as condições do tempo (alta umidade e baixa temperatura), e intensidade da doença.
  • Morangueiro: pulverizar, até a floração, com calda sulfocálcia. Depois substituir por calda bordalesa. Para antracnose: 0,5% de calda bordalesa + 1,5 litros de calda sulfocálcica em 100 litros de água, alternada com calda sulfocálcica.

FONTE: jahanshimi.

.cpt.com.br/cursos-agricultura-organica

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