Para o psicopedagogo, esse conhecimento é essencial, pois ele se propõe a ter uma tarefa de extrema responsabilidade” .Oliveira

Por: Daniela Souza

Na história da educação o relacionamento humano vem mudando e se reproduzindo em diferentes momentos históricos e em diferentes contextos, nesse sentido, apresenta-se a (in)disciplina como sendo uma problemática que durante anos tem se tornado de grande relevância ao contexto educacional, tendo em vista as mudanças sociais que se produzem desde as propostas que defendiam uma disciplina repressiva e imposta pelo professor, até aquelas que apresentam a autodisciplina como forma de autocontrole dos próprios comportamentos.

O que é indisciplina?

Entende-se que para compreender o conceito de indisciplina é preciso analisar que o aluno considerado indisciplinado de hoje, não é mais aquele aluno pacífico e robótico dos tempos tradicionalista, no entanto, essa visão de aluno que alguns educadores desejam, mas que não faz parte dessa nova era de competitividade, em que o aluno é ele mesmo o protagonista desse novo padrão da modernidade, suas ações são frutos também de uma nova realidade que precisam ser analisadas e aceitas sobre esse novo contexto.

Para Vasconcellos (2006) o conceito de disciplina está relacionado à obediência e encontra-se impregnado dentro da escola, trata-se de uma verdadeira luta diária mesmo sem perceber, os profissionais da educação lutam para sobreviver em meio aos conflitos.

A disciplina é que se cultiva na relação entre um adulto e uma criança, na qual vai ganhando forma, vai se modelando pelas atitudes, reações valores, informações e saberes, sobretudo práticos. Por isso disciplina equivale à ação de instruir, de educar, e de dar ciência, de construir uma ordem, sistema, principio ou moral. (Macedo, 2006.p145).

Assim sendo, a disciplina está intrinsecamente direcionada não tão somente à transmissão de conhecimentos, mas considerando que a construção disciplinar é construída no cotidiano escolar, aprimorando valores importantes na maneira de educar e ensinar.

VASCONCELLOS (2006) argumenta que o diálogo é um aliado indispensável no contexto de sala de aula e para superar os conflitos causados pela indisciplina, o professor deve ajudar o aluno a compreender o motivo pelo qual está agindo de maneira inadequada e fazê-lo um colaborador comprometido com a harmonia da classe, antes de ensinar os conteúdos.

Atuação psicopedagógica:

A psicopedagogia é uma área que vem contribuindo muito para o desenvolvimento da educação dentro das escolas, hospitais, empresas e clinicas particulares. De acordo com (Mantovanini, 2002) A psicopedagogia vem crescendo não apenas dentro das instituições, mas fora dela. Assim, esses profissionais trabalham diretamente com a aprendizagem, mas também a afetividade e outros temas afins.

Para entender todas estas questões, a Psicopedagogia não opera sozinha, de maneira estanque e isolada, mas sim, recorre a outras áreas do conhecimento tais como: Pedagogia, Psicologia, Psicolinguística e também à área médica. Dessa forma, podemos nos referir a um trabalho multidisciplinar, isto é, uma ação conjunta de vários profissionais. (LOPES, 2008.p15)

Nesse contexto, a autora se retrata ao psicopedagogo como um profissional que pode atuar em diversas áreas, com abordagens diferentes, ligadas diretamente em sua atuação, de maneira preventiva, clínica e terapêutica, isso significa que sua função é estar atento às possibilidades em buscar subsídios junto a outros profissionais.

 Para tanto, é fundamental que o profissional psicopedagogo possua instrumentos apropriados para pesquisar, compreender e promover mudanças no processo de avaliação e de intervenção. (RUBINSTEIN, 2011, p. 7). Dessa forma, durante sua atuação poderão surgir novas necessidades de avaliação, intervenção ou até mesmo integração de novos métodos de trabalho o processo de avaliação, ou até mesmo encaminhar o aluno para outro profissional para que seu trabalho seja concluído de maneira satisfatória.

O psicopedagogo é como um detetive que busca pistas, procurando solucioná-las, pois algumas podem ser falsas, outras irrelevantes, mas a sua meta fundamentalmente é investigar todo o processo de aprendizagem levando em consideração a totalidade dos fatores nele envolvidos, para valendo-se desta investigação, entender a constituição da dificuldade de aprendizagem (RUBINSTEIN, 1987, p. 51).

Nessa perspectiva de atuação, o psicopedagogo poderá intervir e mediar sobre a (in)disciplina considerando que cada aluno apresenta uma especificidade, entretanto, e ao mesmo tempo, levar em consideração que a instituição, bem como gestores, coordenadores, professores e a família estão incluídos nesse processo de investigação e prevenção psicopedagógica.

Na escola, o profissional pode desempenhar duas funções. Uma é trabalhar diretamente com o corpo docente, abordando questões da dinâmica da sala de aula, da relação entre alunos e professores e, entre esses, o coordenador pedagógico e a família. Outra é atender no contraturno as crianças que estão apresentando algumas dificuldades em classe. (MANTOVANINI, 2002.p.01, Nova Escola).

Sendo assim, o psicopedagogo apresenta seu trabalho dentro do contexto escolar de maneiras distintas, auxiliando a escola e os professores em problemas específicos de sala de aula e atender separadamente as crianças com dificuldades, seja de aprendizagem ou de comportamento.

 A cada barreira de aprendizagem e à participação (indisciplina, agressividade motivação para aprendizagem…) selecionadas pelo grupo, eram selecionados textos sobre os mesmos e, desenvolviam-se sessões de estudo em grupo. Os textos na realidade, eram pretextos para desencadear diálogos, troca de experiencias, emoções, numa verdadeira ação de repensar a prática que temos à pratica que queremos, numa abordagem de educação de qualidade para todos, que nem expulse, nem segregue nenhum aluno. O papel do psicopedagogo sendo o de integrar os agentes. ( OLIVEIRA,2009,p.107).

Nesses termos, o autor sugere uma abordagem participativa nos problemas que a escola enfrenta, assim, a prática psicopedagógica na instituição requer um trabalho que utilize dos diversos recursos que pode utilizar durante diagnósticos, ou sessões  de aproximação das pessoas com a finalidade de identificar os problemas de aprendizagem e superá-los.

De acordo com essa estratégia (BOSSA 2000), esses recursos são instrumentos de linguagem de grande importância, pois podem desvelar dados significativos sobre as pessoas, dados e informações intimas das próprias pessoas, e assim, com bases nessas informações é elaborado uma intervenção.

Para o psicopedagogo, esse conhecimento é essencial, pois ele se propõe a ter uma tarefa de extrema responsabilidade, sendo articulador das relações de aprendizagem, envolvendo todos os elementos da instituição, e provocando mudanças, não só apenas na dimensão individual, mas primeiramente na dimensão coletiva.( OLIVEIRA,2009,p.60).

 Assim, com base nessas pesquisas sobre a atuação do profissional da psicopedagogia, percebe-se que seu papel é indispensável nos dias atuais, tendo em vista que a escola busca todos os dias superar seus conflitos mediante as questões de indisciplina e o relacionamento humano com o objetivo de alcançar o desenvolvimento pleno do aluno.

A educação é um processo de humanização em que os seres humanos buscam uma organização que é natural dos indivíduos, a relação com o outro e nas diferentes formas de aprender, seja dentro das empresas, nos hospitais e na escola. Portanto, a relação humana está diretamente ligada a atuação psicopedagógica e atrelada aos tantos profissionais da educação no que diz respeito o centro de tudo que é o aluno.

Nesse sentido, o papel do psicopedagogo torna-se de suma importância dentro da escola onde irá oferecer condições básicas de ensino, aprendizagem, troca de ideias e projetos voltados para conhecer o aluno como sujeito; aproximar-se da família e criar vínculos necessários para o crescimento intelectual e social do educando.

Esse trabalho coletivo em que o psicopedagogo é um agente que conduz os acordos, propõe ideias e encontros, promove a valorização do aluno e torna-o ativo dentro desse contexto de mudanças, através de ações abrangentes, mas também valorizando o contexto, a especificidade, onde ele mesmo, o aluno, é o protagonista da sua história e possa enxergar a escola como um espaço de oportunidades. Essa nova perspectiva dentro da escola possibilitará a realização dos trabalhos cooperativos nos aspectos mais abrangentes e, principalmente na questão de disciplinar onde as relações precisam ser valorizadas.

Conclui-se que a indisciplina é um problema de todos da escola, porém é o trabalho do psicopedagogo em se posicionar nas situações que interferem no aprendizado, analisando onde surgem os primeiros problemas de indisciplina e alcançar soluções por meio de sua prática, pesquisas e intervir para favorecer o desenvolvimento intelectual e social do educando, propondo atividades com o objetivo de reconstituir a compreensão disciplinar e sua importância dentro da instituição.

 Referências bibliográficas

        – ALVES, Cândida Maria Santos Daltro:(In)Disciplina na Escola: cenas da complexidade de um cotidiano escolar. 1ª edição. Ilhéus-BA: UESC, 2006.

-AQUINO, JULIO Groppa. Do Cotidiano escolar. Ensaios sobre a ética e seus avessos. São Paulo. Summos,2000.

-BOSSA, Nádia A. Dificuldades de Aprendizagem: O que são? Como trata-las?. Dados eletrônico,. Porto Alegre. Artemed,2007.

-CHALITA, Gabriel. Educação: A solução está no Afeto. São Paulo. Gente, 2004.

-FREIRE, Paulo. Política e Educação. 6ª edição. São Paulo: Cortez, 1993.

– LOPES, Shiderlene Vieira de Almeida: O Processo de Avaliação e Intervenção em Psicopedagogia. Reproset Indústria Gráfica, Curitiba,2008.

-MANTOVANINI, Maria Cristina:  Entrevista publicada na sessão: ‘Formação’. Revista Nova Escola .Ed.253,Campinas , Junho de 2012. .Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/886/entrevista-com-maria-cristina-mantovanini     

-OLIVEIRA, Maria Angela Calderani: Intervenção Psicopedagógica na Escola. 2ª Edição. Curitiba,PR. IESDE Brasil,2009.

-FREIRE, Paulo: Professora SIM tia NAO. Cartas a quem ousa ensinar. Sao Paulo: Olho dágua.1993.

-RUBINSTEIN, Edith: Especificidades dos Instrumentos de Avaliação próprios da Psicopedagogia In: Colóquio: “Especificidades dos Instrumentos de Avaliação próprios da Psicopedagogia” Publicado por Aprendaki em Eventos Educacionais, ABPp. 2011. Disponível em: www.aprendaki.com.br

-RUBINSTEIN, Edith. Da reeducação para a psicopedagoga, um caminhar. In:____ (Org.). Psicopedagogia: uma prática, diferentes estilos. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1999. cap. 01. p. 17-40.

-VASCONCELLOS, Celso dos Santos. (IN) Disciplina: Construção da Indisciplina consciente e Interativa em sala de Aula e na Escola.São Paulo, Liberdad,2006.

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