Quando a morte inesperadamente bate à nossa porta e nos leva, a dor é inimaginável. O coração já não bate da mesma forma e a mente simplesmente desliga.  Perdemos o chão sob nossos pés, de repente não sabemos quem somos, nós mesmos nos tornamos mil pedaços.

Nossos movimentos são mecânicos, não sentimos, nossa visão está turva, mas o mundo ainda está lá. A tristeza e a dor não podem desaparecer, a ferida da perda está gravada em nossas células para sempre. O que a gente vai aprendendo aos poucos é como lidar com essa ferida.

Para que tudo isso aconteça, devemos nos dar o direito de vivenciar o luto. A pessoa forte é aquela que, em meio à perda, não esquece de olhar o céu com suas estrelas brilhantes, o pôr do sol, o nascer do sol, as cores, os cheiros. Mas às vezes congelamos, como se dentro de nós vivesse um inverno eterno, nem colocamos um cobertor sobre nosso corpo gelado. Como podemos continuar a viver assim?

Dizem que quando uma pessoa se vai, a primeira coisa que você esquece é a voz dela. Mas até a voz dela está no ar que respiramos.  Ajuda conversar com ele, tê-lo por perto como se nunca tivesse saído. A escrita, as memórias, o cheiro e muito mais trarão de volta aqueles que perdemos. Essa também é nossa bela peculiaridade como humanos: sentir! O presente mais lindo que recebemos.

Texto originalmente publicado em enallaktikidrasi e adaptado pela equipe do blog Cantinho.

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