Um estudo da Universidade de Cambridge mostra que é possível detectar sinais de danos cerebrais até nove anos antes de um paciente receber o diagnóstico de uma das várias doenças associadas à demência.
No momento em que uma pessoa mostra sinais de demência, anos já podem ter se passado desde que a deterioração começou. O principal problema da demência é que não há cura, sendo a sétima causa de morte e uma das principais causas de incapacidade e dependência em idosos. É algo realmente triste e que afeta não só aquele que sofre da doença, mas todos os familiares.
Todos os anos, cerca de 10.000.000 novos casos ocorrem, segundo a OMS, enquanto 55.000.000 são registrados no total. A condição geralmente é diagnosticada apenas quando os sintomas aparecem. No entanto, a doença neurodegenerativa pode ter começado anos ou mesmo décadas antes. Portanto, os pacientes que participam de ensaios clínicos podem já ter entrado na fase em que a síndrome é irreversível.
O estudo, publicado no Alzheimer’s & Dementia: The Journal of the Alzheimer’s Association, teve como objetivo determinar se as alterações na função cerebral podem ser detectadas antes que os sintomas apareçam e diagnosticar a doença. Os achados da pesquisa permitem otimismo para o desenvolvimento do tratamento, pois se verificou que há indícios para o início do processo.
Os pesquisadores analisaram dados do Biobank da Grã-Bretanha. É um banco de dados biomédico e um recurso de pesquisa que contém dados anônimos de genética, estilo de vida e saúde de 500.000 pessoas com idades entre 40 e 69 anos. Eles classificaram dados de uma série de testes (por exemplo, sobre resolução de problemas, memória de trabalho, tempos de reação e força de preensão), juntamente com dados sobre perda e ganho de peso e o número de quedas que sofreram. Isso permitiu que eles vissem se havia sinais no início da doença por meio de medições coletadas – pela primeira vez – 5 a 9 anos antes do diagnóstico.
Eles identificaram deficiências em vários domínios (por exemplo, incapacidade de resolver problemas e lembrar números), em uma série de condições vários anos antes de os pacientes receberem um diagnóstico formal.
Isso permitirá que as pessoas em risco de desenvolver a condição sejam rastreadas para determinar quem pode se beneficiar das intervenções. Ou para ajudar a identificar pacientes adequados para ensaios clínicos relacionados a novos tratamentos. “Quando analisamos a história dos pacientes, ficou claro que eles tinham algum comprometimento cognitivo vários anos antes de seus sintomas se tornarem aparentes para serem testados e diagnosticados. As deficiências eram muitas vezes sutis, mas em vários aspectos da função cognitiva.” Disse o autor do estudo.
As pessoas que desenvolveram a doença de Alzheimer (a forma mais comum de demência) pontuaram menos do que as pessoas saudáveis em tarefas de resolução de problemas, tempos de reação, memória de listas de números e memórias. De acordo com o estudo, esses indivíduos eram mais propensos (do que adultos saudáveis) a ter sofrido uma queda nos 12 meses anteriores.
Interessante esse novo estudo, não é mesmo? É realmente muito importante que valorizemos a ciência para que essas doenças tão difíceis tenham a cura encontrada.
Texto originalmente publicado em enallaktikidrasi e adaptado pela equipe do blog Cantinho.